A vida traduz-se em letras

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A Vida e a Evolução

Se um dia (e só se) acordasse, gostaria de dormir. Talvez porque o acordar me dá sono, ou porque o sono me acorda. Já não sei e, muito sinceramente, não tento sequer saber.
Dizem-me que é um mal comum da juventude, esta ânsia pela ignorância. Tanto quanto sei, faço parte da juventude, e erro como qualquer um. Porquê fazer destes erros, ó tu, motivos pelos quais me reconhecem? Se em tudo me igualo aos outros, porque sou, ó tu, diferente? Se é por dormir e não (querer) acordar, então despreocupa-te; não dormirei mais. Mas não será por tua vontade. Antes pela minha de te querer confundir. (-Confusa? Satisfeito.)
Já trabalho nesta crónica há muito tempo, e as minhas ideologias e estratégias de raciocínio já se alteraram tanto que isto não é (e nunca poderá a vir a ser) um texto: é uma evolução. É um deixar de ser para poder existir. É o que eu quero. E vou fazê-lo.
Eis aqui que te apresento o meu sono, (-Prazer em conhecer-lo), a minha vida dormida. Vivida? Não, vivida não o posso aplicar aqui. Sim, dormida será o mais correcto.
Resta-me uma dúvida a colocar nesta evolução: se durmo enquanto é suposto viver, que faço enquanto durmo? Simples: evoluo.
E se um dia destes, por algum motivo de força maior e desconhecida eu decidir viver, então não me pararás, ó tu que te julgas tanto mas não passas de miséria, porque a minha vontade é maior, e não serás tu, ó tu que te julgas dona de tudo, que me impedirás. Quando acordar acordo. Por enquanto quero dormir.
Ouve-me, agora, (sim, eu sou um desses malucos que acredita se podem ouvir palavras pelos olhos), não amanhã nem ontem, preciso que me oiça(s)m agora, ó tu que te julgas multiplicar e expandir, o(uve)çam-me agora: durmo, e durmo bem e descansado. Só quero descansar um pouco: qual o mal disso? Só quero deixar-me de olhos fechados: qual o mal disso? Só quero nadar no meu rio de sonhos: qual o mal em o fazer?
Amanhã (não sei) talvez acorde. Ontem não acordei, e hoje o sonambulismo consome-me. Só preciso de um motivo para acordar, e ainda não o encontrei. A dormir continuarei.
Um dia (amanhã, talvez, não o posso prever) virás. Estou certo de que virás e de que entrarás no meu quarto. Demasiado tarde: já não me encontro lá. Verás um rapazinho, ó Vida, semelhante (apenas semelhante) a mim. Mas não sou eu: eu encontro-me num outro lugar, algures num sonho, a encontrar-me, a evoluir.

2 comentários:

  1. Não li o post mas... Novo look? gosto do preto :)

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  2. Não creio que a juventude anseie pela ignorância, muito pelo contrário. Os jovens são ousados, sonham alto, são curiosos e gostam de aprender (apesar às vezes da preguiça).

    Os erros, disse-me alguém uma vez, são uma dádiva. Quando os cometemos aprendemos uma alguma coisa que de outra forma não compreenderíamos. O método científico funciona mais ou menos assim: experimentar até acertar, tentativa e erro…

    Quanto a dormir ou estar acordado… bem, eu sou suspeita, adoro dormir. Mas estar acordado é a única maneira verdadeira de viver. Os sonhos são bons, claro, mas não são reais. Para quê viver na ilusão? Não serve de muito…

    Se sentes que dormes pela vida só tu podes mudar a tendência. Bate nas bochechas, esfrega os olhos, lava a cara e arrisca!

    (Também acredito que podemos ouvir palavras pelos olhos, mas não acho que seja maluca – pelo menos não por isso!)


    Ah, lembrei-me! Quem te impede de sonhar acordado?! É das coisas mais deliciosas que podemos fazer.

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