Cara SL,
Tive de voltar a ler, porque não acreditei à primeira.
"Será verdade?"
Voltei a ler,
(pode ser que acredite à segunda):
"Será verdade?"
Só quando li à terceira,
("Será verdade?")
é que percebi que era mesmo verdade.
Apenas por três vezes as lágrimas me correram dos olhos ao ler um livro( se não contar com alguns sonetos de Charles Baudelaire): ao ler "O Pássaro de Fogo" (Nicky Singer), ao ler "Kafka à Beira-Mar" (Haruki Murakami), e ao ler "O Vendedor de Passados (José Eduardo Agualusa), e todos eles me fizeram chorar pelas mais diversas razões (identificáveis).
Agora dou por mim perante uma novidade: chorar (e desconheço as causas que me levaram a isso) por causa de um comentário. E fizeste-me pensar seriamente naquilo que sou (ou pensava ser)... se calhar foi por isso que chorei, não sei, mas não é isso que interessa. O que interessa é que me fizeste pensar.
Fazes ideia do grupo de pessoas que me fazem pensar? Não? Eu dou-te uma ideia: conto-as pelos dedos das mãos (vá, juntemos a elas os pés também), e é só isto.
Passei o dia inteiro a perguntar às pessoas se sabiam quem tu eras, na esperança de me encontrar contigo ,
(por acaso)
mas é tão simples
(até sei quem és)
porque já me disseste quem eras,
(o teu nome é SL)
e eu não te encontro.
Só te quero dar os parabéns, SL, porque me fizeste ter um dia de reflexão sobre a minha pessoa, um dia de aprendizagem sobre a minha Filosofia, e sobretudo um dia de reflexão sobre a única coisa (eu que nem gosto de dizer "coisa") que te quero dizer:
-Chamas-me Cronista, e agradeço-te por tal (duvido que me possam fazer maior elogio), mas se eu sou Cronista, então quem és Tu?
E tudo isto porque acho que fizeste uma interpretação tão
(e tanto quanto te foi possivel, perdoa-me se interpretei mal as tuas palavras)
tua...
E, ainda assim, viste-me lá.
Obrigado.
Um beijo,
João de Matos
P.S. -Desculpa a eventual desordem em que esta carta te chegar, mas não me dei (nem me vou dar) ao trabalho de a reler. Quero que a leias crua.