Eh, eh...
Acho imensa piada a quando deixo escapar numa conversa
-Eu sou catequista
e as pessoas ficam a olhar para mim. Ficam a olhar para mim, um olhar que eu distingo dos outros, mas que não percebo o que significa,
(sei de fonte segura que um deles era
-A sério?!)
por isso olho-os também. Mas continuo sem perceber o que significam.
Mas sim, é verdade, este ano sou catequista. E, para dizer a verdade até me estou a sentir um bocado culpado por estar a escrever esta crónica, pois devia estar a preparar o próximo encontro de catequese. Mas não estou, porque hoje apetece-me falar de Deus.
(...)
Lembro-me de perguntar uma vez a uma criancinha
-Então, quem é Deus para ti?
e ela pensa, pensa, pensa, e diz-me uma coisa que até aos dias de hoje considero acertada
-Hum...não sei. Mas se foi Ele quem criou o mundo, então deve ser muito velho.
Portanto, voltamos novamente ao esteriótipo de que Deus é um velhote de 50, 60 anos, que está ali no céu à espera que a gente morra para nos dar um abraço. Criado por uma criança.
-Então e o que é para ti o Paraíso?
Uma pergunta para a qual já esperava a resposta subjectiva que ela me deu
-É um sítio cheio de chocolates e de brinquedos.
Não posso discordar mais. Embora estivesse ciente de que a resposta seria subjectiva aquela...
criança irritou-me imenso. Brinquedos? Mas que raio?! Toda a gente sabe que o céu está cheio de livros! Ai, a ingnorância...
E a criança pergunta-me
-Tiago, o que é o Inferno?
"fogo que o puto quer-me tramar..."
-Epá, o Inferno é... diz-me uma coisa da qual tu não gostes nada.
-A minha tia a cantar.
-O Inferno é um sítio cheio de mulheres que cantam como a tua tia. Por isso cautela, Francisco,
cautela. Porta-te bem se não quiseres ir lá parar.
E o Francisco nunca mais me falou.
Ora, no meio disto tudo, fico eu indeciso: a mim
(que odeio ler)
ensiram-me que o Paraíso é um lugar cheio de livros, e que o Inferno,
aparentemente,
é um lugar cheio de senhoras a cantar.
Bem, não me julgue, por favor Senhor Padre, não me julgue, mas é só que começo a ficar indeciso entre o Paraíso e o Inferno.
-Então agora pergunto-te eu, meu filho: porque é que te preocupas tanto com o que irá acontecer quando morreres, se ainda estás vivo?
A vida traduz-se em letras
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MUITO BOM!
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