Que dirás tu, Nádia, quando eu quiser entrar na noite escura?
Nádia,
vemo-nos lá, nas reuniões, no metro, onde quer que seja, na escola, nas aulas, onde quer que seja, vemo-nos lá e um sorriso, sorrio, sorris-me, sorrio por dentro e pergunto-me se tu também sorriste por dentro, se também ficaste um pouco mais quentinha que hoje faz frio visto o facto de estarmos no Inverno, Nádia, eu olho e tu não me olhas, o que se passa, estás zangada?, não, não, eis o teu olhar, que alívio!, estava a ver que estavas zangada comigo, e tu coras e eu sorrio ainda mais, e tu baixas o olhar a sorrir também, e eu a não caber em mim de felicidade, de calor, de estar no Inverno e não estar, e uma professora a perguntar pelos meus Hausaufgaben, e eu Nein, Ich habe vergessen, e por um momento não sorri não fiquei quente nem fiquei no Inverno não ficando, só por um momento juro, e por culpa da professora, por culpa dela não te escrevo nada há uma semana por culpa dela não te recito um poema lírico qualquer há uma semana por culpa da professora não te vejo há uma semana e estou (digamos que) triste, estou certo que tu também porque há uma semana que não sou humano, visto o facto de não te recitar nem escrever nada há uma semana, Nádia, não fiques triste não chores que eu não quero que tu chores é que sabes, olhar-te assim e ver-te sorrir é bom é tão bom, mas depois este ter de te escrever coisas bonitas e felizes quando na verdade não é em ti que penso mas em quem me cobre com um manto negro chateia-me bastante, a sério, não suporto isto de ter de te mentir, por isso paremos nos sorrisos que já são demais paremos nos corares que já são demais paremos nas trocas de olhares mesmo em frente à professora de alemão que já são demais, porque eu sei, Nádia, eu sei que ninguém vai ler isto do príncipio ao fim
-As tuas crónicas são tão grandes que eu não tenho paciência para as ler
mesmo tu, Nádia, não as leias que eu só quero que leias as coisas bonitas que te escrevo (ou que te escrevi), não leias que me quero matar porque não quero não leias que eu ainda a amo que eu não amo, já te disse mil vezes que não sou eu quem escreve mas quem toma conta da minha mão quando me sento no sofá de computador ao colo não sou eu juro!, Nádia, tudo isto para te dizer que se trocamos olhares então trocamos olhares se trocamos sorrisos então trocamos sorrisos se trocamos corares então trocamos corares, mas não me peças um beijo porque, para dizer a verdade, não te vou responder que sim, mas também acho que não te vou dizer que não, Nádia, não te inclines, já te disse que não te vou beijar, Nádia, não me ames que eu já te disse que podemos trocar olhares e sorrisos e corares à vontade mas não beijos e vai daí talvez não talvez sim, porra Nádia!, mas que porra de indecisão, para que é que te foste inclinar e pedir-me um beijo se sabes que eu quero apenas sorrisos e olhares e corares e mais nada visto o facto de ainda não a ter esquecido e de ela ainda me mandar cartas, ainda no outro dia me mandou uma a perguntar se eu estava bem e eu respondi que não que estou severamente deprimido e que me receitaram Escitalopram e que eu quero tomar o raio dos comprimidos todos de uma só vez a ver se me esqueço da depressão com a mesma mão com que escrevo, olha a ironia!, e ela nada ela muda ela em silêncio, porra Nádia, não vês que ela não me responde e que eu não te posso beijar, não vês que sofro, não te posso recitar a poesia bonita de Camões e Baudelaire deprimido (vai daí talvez possa), recuso-me, porque o silêncio, esse sim, é a pior resposta, e eu Nádia, não estou feliz para trocar olhares e sorrisos e corares, porque estou prestes (se é que já lá não estou) a entrar na noite escura, e na noite escura, Nádia, não se trocam sorrisos e olhares e corares, por isso desabitua-te da poesia de Camões de Baudelaire e da minha que na noite escura eu não ta vou poder dar, visto o facto de ela não me responder, e o silêncio ser a pior resposta.
Por isso, agora pergunto-te: que dirás tu, Nádia, quando eu entrar na noite escura?
Nádia,
vemo-nos lá, nas reuniões, no metro, onde quer que seja, na escola, nas aulas, onde quer que seja, vemo-nos lá e um sorriso, sorrio, sorris-me, sorrio por dentro e pergunto-me se tu também sorriste por dentro, se também ficaste um pouco mais quentinha que hoje faz frio visto o facto de estarmos no Inverno, Nádia, eu olho e tu não me olhas, o que se passa, estás zangada?, não, não, eis o teu olhar, que alívio!, estava a ver que estavas zangada comigo, e tu coras e eu sorrio ainda mais, e tu baixas o olhar a sorrir também, e eu a não caber em mim de felicidade, de calor, de estar no Inverno e não estar, e uma professora a perguntar pelos meus Hausaufgaben, e eu Nein, Ich habe vergessen, e por um momento não sorri não fiquei quente nem fiquei no Inverno não ficando, só por um momento juro, e por culpa da professora, por culpa dela não te escrevo nada há uma semana por culpa dela não te recito um poema lírico qualquer há uma semana por culpa da professora não te vejo há uma semana e estou (digamos que) triste, estou certo que tu também porque há uma semana que não sou humano, visto o facto de não te recitar nem escrever nada há uma semana, Nádia, não fiques triste não chores que eu não quero que tu chores é que sabes, olhar-te assim e ver-te sorrir é bom é tão bom, mas depois este ter de te escrever coisas bonitas e felizes quando na verdade não é em ti que penso mas em quem me cobre com um manto negro chateia-me bastante, a sério, não suporto isto de ter de te mentir, por isso paremos nos sorrisos que já são demais paremos nos corares que já são demais paremos nas trocas de olhares mesmo em frente à professora de alemão que já são demais, porque eu sei, Nádia, eu sei que ninguém vai ler isto do príncipio ao fim
-As tuas crónicas são tão grandes que eu não tenho paciência para as ler
mesmo tu, Nádia, não as leias que eu só quero que leias as coisas bonitas que te escrevo (ou que te escrevi), não leias que me quero matar porque não quero não leias que eu ainda a amo que eu não amo, já te disse mil vezes que não sou eu quem escreve mas quem toma conta da minha mão quando me sento no sofá de computador ao colo não sou eu juro!, Nádia, tudo isto para te dizer que se trocamos olhares então trocamos olhares se trocamos sorrisos então trocamos sorrisos se trocamos corares então trocamos corares, mas não me peças um beijo porque, para dizer a verdade, não te vou responder que sim, mas também acho que não te vou dizer que não, Nádia, não te inclines, já te disse que não te vou beijar, Nádia, não me ames que eu já te disse que podemos trocar olhares e sorrisos e corares à vontade mas não beijos e vai daí talvez não talvez sim, porra Nádia!, mas que porra de indecisão, para que é que te foste inclinar e pedir-me um beijo se sabes que eu quero apenas sorrisos e olhares e corares e mais nada visto o facto de ainda não a ter esquecido e de ela ainda me mandar cartas, ainda no outro dia me mandou uma a perguntar se eu estava bem e eu respondi que não que estou severamente deprimido e que me receitaram Escitalopram e que eu quero tomar o raio dos comprimidos todos de uma só vez a ver se me esqueço da depressão com a mesma mão com que escrevo, olha a ironia!, e ela nada ela muda ela em silêncio, porra Nádia, não vês que ela não me responde e que eu não te posso beijar, não vês que sofro, não te posso recitar a poesia bonita de Camões e Baudelaire deprimido (vai daí talvez possa), recuso-me, porque o silêncio, esse sim, é a pior resposta, e eu Nádia, não estou feliz para trocar olhares e sorrisos e corares, porque estou prestes (se é que já lá não estou) a entrar na noite escura, e na noite escura, Nádia, não se trocam sorrisos e olhares e corares, por isso desabitua-te da poesia de Camões de Baudelaire e da minha que na noite escura eu não ta vou poder dar, visto o facto de ela não me responder, e o silêncio ser a pior resposta.
Por isso, agora pergunto-te: que dirás tu, Nádia, quando eu entrar na noite escura?
Em Homenagem a A.L.A., por me mostrar o bom da noite escura.
Eu li tudo até ao fim e percebo, aliás, como te percebo relativamente ao facto de não seres quem escreves!
ResponderEliminarMuito bom! Adoro crónicas!
Parabéns!
um nadinha repetitivo, não?
ResponderEliminarLi tudo.
ResponderEliminarhoje havias de ter gostado da aula de filosofia.
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