A vida traduz-se em letras

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Diálogo com a Ingenuidade

-João, João, não te suicides!

-Hã?!

-Não te mates, por favor!

-O quê?!

-Sim, eu fui ver o teu blog, e lá dizia que te ías suicidar.

-Não, lá dizia que já morri.

-Ah. Então estás morto?

-Pode-se dizer que sim.

-Hmm.

(Silêncio)


Ligou-me ele, às 23:34. Estava para não atender, mas achei melhor fazê-lo. Arrependi-me.
Este pseudo-diálogo arrastou-se por bastante tempo.


-Então tens a certeza de que não te vais matar?

-Como me poderia matar se já estou morto?

-Se estás morto como é que estás a falar comigo?

(Silêncio)

-Hmm. Ora aí está um pergunta interessante... Não sei. Devo ter renascido. Ou então tu também morreste. Ou então tu estás vivo e eu estou morto. Afinal, haverá algum motivo pelo qual um morto não deva falar com um vivo?


Questionei o que tinha acabado de pensar. Ficou-me na cabeça.


-Para um sonho, este diálogo é um bocado parvo, não concordas?

A voz dele tornara-se mais grave aínda.

-Sim, concordo.

(...)

-Até amanhã!

-Até amanhã.

2 comentários:

  1. Olá João! Adorei o blogue. Não sei como é possível mas a tua escrita faz-me lembrar simultaneamente dois amigos meus, um é poeta, o outro gosta de viver dias cinzentos.

    Não achei que o salto (em "O Quotidiano") fosse um indicativo de suicídio mas devo confessar que não percebi a comparação do mundo com a droga (em "Não vivo no Cinzento").

    Vou seguindo estas Cartas para o Mundo.

    Beijinho,
    Diana

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  2. Caro João, o meu vício de psicólogo obriga-me a dizer que num sonho vale tudo, até parecer que é parvo. Por isso, nunca o é.
    Folgo muito em ver-te ousar.
    Só hoje me dei conta da tua nova imagem no meu blogue, e fui atrás dela. Gostei de ver o que aqui encontrei!
    Cá virei mais vezes!

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