-João, João, não te suicides!
-Hã?!
-Não te mates, por favor!
-O quê?!
-Sim, eu fui ver o teu blog, e lá dizia que te ías suicidar.
-Não, lá dizia que já morri.
-Ah. Então estás morto?
-Pode-se dizer que sim.
-Hmm.
(Silêncio)
Ligou-me ele, às 23:34. Estava para não atender, mas achei melhor fazê-lo. Arrependi-me.
Este pseudo-diálogo arrastou-se por bastante tempo.
-Então tens a certeza de que não te vais matar?
-Como me poderia matar se já estou morto?
-Se estás morto como é que estás a falar comigo?
(Silêncio)
-Hmm. Ora aí está um pergunta interessante... Não sei. Devo ter renascido. Ou então tu também morreste. Ou então tu estás vivo e eu estou morto. Afinal, haverá algum motivo pelo qual um morto não deva falar com um vivo?
Questionei o que tinha acabado de pensar. Ficou-me na cabeça.
-Para um sonho, este diálogo é um bocado parvo, não concordas?
A voz dele tornara-se mais grave aínda.
-Sim, concordo.
(...)
-Até amanhã!
-Até amanhã.
A vida traduz-se em letras
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Olá João! Adorei o blogue. Não sei como é possível mas a tua escrita faz-me lembrar simultaneamente dois amigos meus, um é poeta, o outro gosta de viver dias cinzentos.
ResponderEliminarNão achei que o salto (em "O Quotidiano") fosse um indicativo de suicídio mas devo confessar que não percebi a comparação do mundo com a droga (em "Não vivo no Cinzento").
Vou seguindo estas Cartas para o Mundo.
Beijinho,
Diana
Caro João, o meu vício de psicólogo obriga-me a dizer que num sonho vale tudo, até parecer que é parvo. Por isso, nunca o é.
ResponderEliminarFolgo muito em ver-te ousar.
Só hoje me dei conta da tua nova imagem no meu blogue, e fui atrás dela. Gostei de ver o que aqui encontrei!
Cá virei mais vezes!