A vida traduz-se em letras

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Diálogos A Um (Nº1)


Gostava de poder voltar atrás no tempo. Não é que não goste do actual (porque gosto, pricipalmente agora, que as coisas começam a mudar de rumo), mas preferia o passado. Por muito mau que tenha sido, preferia o passado.

Mas não é o meu passado inteiro: queria apenas moldar a minha vida desde Junho. Desde Junho que já não compreendo nada do que se passa. Apaixonei-me, e fui trocado por um neurocirugião. Estava feliz, e no entanto queria-me suicidar. Publiquei um romance, mas queria deixar de escrever. Mas o que é que se passa comigo?

Hoje não me esforço por embelezar o texto: quero que os leitores vejam como é uma crónica (como são as palavras que me dão sentido) em bruto.

Com tantos devaneios sobre o passado, obviamente que me preocupo com o futuro: será que irei continuar assim para sempre? Será que não?

Portanto, nos últimos cinco meses não me recordo de ter vivido: deixava-me para o passado, adiantava-me ao futuro, mas esquecia-me do essencial; do presente.

Pessoalmente, não gosto do presente. É chato, aborrecido e faltam-lhe condimentos (sim, acabei de dizer que faltavam condimentos ao presente).

Talvez tenha sido esse o meu erro: Ich "Carpe Diem" nicht...

D'or'avante (e sim, tenho consciência de que acabei de colocar uma palavra extremamente mal escrita numa crónica) tentarei viver no presente, no actual. Talvez seja esse o truque. Talvez tenha sido aí que falhei. Pois segundo um velho ditado chinês: "O que importa não é o destino, mas a viagem."

4 comentários:

  1. Parece-me bem pensar no presente. Não vale a pena ficarmos agarrados ao passado, uma vez que já aconteceu e nada pode ser mudado.
    Ansiar pelo futuro, por seu lado, também não me parece grande política. Quantas vezes não mudamos de rumo de repente? O futuro é (mesmo) incerto. Não vale a pena ficarmos constantemente à espera que as coisas aconteçam (um dia).
    A melhor opção então é pensar no presente (com ou sem condimentos), no hoje, naquilo que posso fazer precisamente agora.

    Boa crónica.

    PS: já vi essa imagem em qualquer lado ;)

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  2. Apesar de se tratar de um diálogo a um, terei a ousadia de (tentar) participar.

    Querido cronista, podes acreditar que não há nada como o presente. Relembrar o passado, sim, é bom e importante (ou não). Pensar e programar o futuro pode, de facto, ser últil. Mas no presente nada mais se pode fazer, excepto viver. Viver o presente. É com esta minha ideia (mal desenvlvida e talvez um pouco - ou bastante - cliché) que te deixo a minha opinião.

    Para o comentário não ser totalmente perdido devo dizer-te que já há algum tempo escrevi um texto com o mesmo tema, o qual te enviarei, já sabes.

    É, sem dúvida, esse o truque. Isso só pode significar que não, não ficarás assim para sempre, uma vez que já desvendaste o segredo :)

    Um grande beijinho,
    SL

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  3. Gostei do texto. Está bem escrito. É obvio e claro. Mas acho que fica muito mais claro para mim porque já sei do que estás a falar. Força meu AMIGO ( Sim, eu sei que acabei de escrever uma palavra só com maiúsculas, mas acho que só assim consigo aumentar a grandeza da minha amizade por ti). TE considero muito ! Senhor Mente Obscura ".

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  4. ahh ... Já agora, lanço-te um desafio !
    Escreva outro gênero literário que talvez possam chegar aos pés das suas crónicas. Acho que já está na hora de escrever algo alegre. Mais uma vez parabéns pela sua escrita e pela selecção de imagens. Adeus. JF.

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